terça-feira, 23 de agosto de 2011

Palestra na FEUCABEP: Terceiro dia


FEUCABEP, 47 ANOS DE HISTÓRIA: DEBATES SOBRE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E EDUCAÇÃO
terça-feira, 21/08/2011 – 23h43
por Marcel Franco, Robson Lopes, Ronaldo Gomes e Mayra Faro

Prof.a Maria José, Prof. Douglas e Prof.a Daniela
(Foto: Marcel Franco)
No 3º dia de comemoração pelos 47 anos da Federação Espírita, Umbandista e dos Cultos Afro-Brasileiros do Pará (FEUCABEP) foi ministrada uma palestra sobre religiões de matriz africana e educação, pelo seguinte corpo docente: Prof. Dr. Douglas da Conceição (Coordenador e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião – UEPA), Daniela Cordovil (docente do programa de pós supracitado) e pela Esp. Maria José Martins (membro da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial – COPIR). O evento teve início por volta das 9h00 e estendeu-se até as 12h00, culminando com os agradecimentos da presidência da Instituição.

O coordenador da palestra, Prof. Dr. Douglas da Conceição, fez relevantes considerações acerca da atuação das Ciências da Religião e ressaltou a importância do estudo das religiões de matriz africana na Amazônia para o desenvolvimento da educação no ensino fundamental, médio e superior. O professor afirmou que existem 17 programas de Pós-Graduação em Ciências da Religião no país, mas foi enfático ao dizer que poucos se debruçam sobre o estudo das religiões afro-brasileiras e que, ao longo da história da academia, não existe, de fato, uma contemplação adequada das expressões dessas religiões. Para Douglas o problema do ensino sobre religiões de matriz africana tem sua origem no currículo do ensino religioso.

Em seguida, Dr. Daniela reiterou a fala do coordenador da mesa, reforçando o caráter do ensino religioso de forma mais pluralizada e levantou questões importantes acerca do assunto. A professora tratou sobre a necessidade de se mostrar um conteúdo de ensino religioso numa linguagem mais compreensível, para que a sociedade possa ler-enteder os saberes vivenciados nos terreiros das religiões de matriz africana. Segundo a palestrante, o conhecimento e o respeito devem ser considerados e valorizados nos cursos de Ciências da Religião. Ela inda assegurou que no processo de ensino da religião se o profissional não coloca sua subjetividade, torna-se difícil a construção de conhecimento.       

Após a fala da Prof.ª Daniela, foi atentamente assistido o pronunciamento da Prof.ª Maria José (SEDUC/COPPIR), a qual demonstrou algumas ações da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial para implementação da lei 10.639, garantindo que cerca de 250 professores da rede pública se aperfeiçoaram para a implantação da referida lei, em 6 municípios do Estado. Maria José apontou o grande despreparo dos professores da rede estadual para o ensino religioso, principalmente sobre os conteúdos de religiões de matriz africana, falou sobre a urgência de discussão sobre essas religiões no contexto escolar e foi bastante incisiva ao tecer sobre a necessidade de uma educação das comunidades quilombolas, viando uma abordagem da religiosidade ancestral.    

Prof. Dr. Walmir e Prof.a Dra. Taissa (Foto: Marcel Franco)
Foram discutidas as temáticas entre os palestrantes e expectadores, dos quais destacamos a presença dos Professores Marize Duarte (PPGCR-UEPA), Walmir (Babalorixá da nação Ketu) e Miguel Santa Brígida Jr. (Escola de teatro da UFPA). Sem dúvida, todos os diálogos foram importantes para a compreensão do papel das religiões afro-brasileiras na escola e, que, segundo o Prof. Dr. Pai Walmir, é muito necessário quebrar os paradigmas, os preconceitos, sem se preocupar se vai ferir ou não a pertença religiosa do individuo aprendiz, uma vez que o Estado é laico. O sacerdote ainda reiterou que a África não é sinonímia de pobreza, miséria, mas de riqueza cultural, religiosa, muito próxima à cultura brasileira.

O prof. Douglas arrematou os discursos afirmando que é necessário dar conta do porquê (do sentido) do ensino da religião na escola, que o espaço pleno da democracia é o espaço dos conflitos, mas tais conflitos devem ser ponderados e medidos, sobretudo, quando se tratarem sobre as religiões. Ainda no discurso do docente, ficou bem nítido que a SEDUC precisa ter consciência do ensino religioso, uma vez que os Poderes Públicos ainda não se deram conta sobre a importância desse estudo no âmbito escolar.

Por fim, os debates foram encerraram-se nos discursos da Presidente da FEUCABEP, Mãe Emília, e do seu vice, Pai Daniel, os quais se predispuseram a colaborar e dialogar com o governo, a sociedade e com outras entidades religiosas para a construção de um ensino religioso democrático em nosso Estado, que venha a contemplar não só o ensino sobre a cristandade, mas também considere a compreensão do universo religioso africano na Amazônia.    

Prof.a Dra. Daniela, Mãe Emília, Pai Daniel (Foto: Marcel Franco)

OUTROS CLIQUES DO EVENTO
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 Palestrantes e público-espectador

 Espectadores

A presidente da FEUCABEP com alunos e professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião - UEPA

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